terça-feira, 13 de maio de 2008

BALANÇO DA ÉPOCA 2007/2008

Terminada a época, é tempo de fazer um balanço do que se passou ao longo destes cerca de 7 meses. Com os comentários que se seguem, que são no fundo a minha opinião, não quero ferir quer quem quer que seja, já que faço questão de manter a amizade que me une a todos os companheiros e ex-companheiros de equipa, direcção e outras pessoas ligadas ao futsal da UD Tocha. Andamos há muitos anos nisto porque efectivamente gostamos e penso que não devemos misturar pequenas desavenças e opiniões divergentes referentes ao futebol, com as nossas vidas e amizades criadas há largos anos.
A nossa época não foi de todo uma época boa, é uma realidade. As coisas não funcionaram como pretendíamos e a responsabilidade, logicamente, tem que ser dividida por todos. Se olharmos para a classificação e para a equipa acabamos por chegar à conclusão que mais não poderia ser exigido e depois de todas as dificuldades pelas quais passámos, a classificação acaba por não ser muito má. Mas um clube como a UD Tocha habituou toda a gente a um patamar elevado e quando não lutamos por objectivos altos a desilusão é sempre uma consequência. Iniciámos a época com a estrutura base da equipa do ano transacto, à qual se juntaram algumas caras novas, desta vez jogadores com experiência de futsal, e com um excelente treinador, bem conhecedor do grupo, o que permitia acalentar esperanças numa boa campanha. Já tínhamos defrontado o Benfica, num jogo mais importante para a tesouraria do que para a preparação da equipa, e muitos dos jogadores que compareceram a esse jogo pura e simplesmente nunca mais apareceram. Mas voltando ao início da época propriamente dito, fizemos uma boa pré-época, com destaque para a vitória no torneio da Ribeira de Frades, onde, com poucos treinos deixámos boas indicações, principalmente de alguns jogadores novos na equipa. Também ao nível directivo tentou-se incutir mais responsabilidades, quer à equipa quer à própria direcção, ficando acordados alguns incentivos, diria quase que simbólicos, no sentido de se realizar uma boa época, onde o objectivo principal seria andar nos lugares cimeiros, embora sem nunca se falar em subida.
O CÉLEBRE EPISÓDIO DA BRAÇADEIRA
Muito se falou durante a época sobre o “caso” da braçadeira de capitão. Fui ofendido, atacado e acusado de ter puxado para mim a braçadeira de capitão, sem respeito pelo anterior capitão de equipa e pelos outros colegas, quando na verdade não tive absolutamente nada a ver com isso. Por esse motivo sinto-me obrigado a esclarecer as coisas e a contar o que efectivamente se passou.
No final da época anterior o Paulo Fontes falou comigo pessoalmente comunicando-me que por motivos pessoais não iria continuar na UD Tocha, que já tinha comunicado essa decisão à direcção e tinha praticamente as coisas acertadas com um clube. Concordei com alguns dos motivos que o levavam a sair, disse-lhe que deveria escolher o melhor para ele, que eu próprio ainda não sabia se iria continuar a jogar nem se a UD Tocha iria fazer equipa e desejei-lhe as maiores felicidades. Alguns dias depois fui contactado pela direcção dizendo-me que estavam a preparar a equipa, que o treinador seria o Jorge e que pretendiam saber se podiam contar comigo. Disse-lhe que podiam contar comigo e foi-me também confirmado que efectivamente o Paulo não iria continuar na equipa. Logo aqui foi-me dito que com a saída do Paulo eu seria o capitão de equipa, já que era o sub-capitão juntamente com o Vieira. Passadas algumas semanas fui convidado para um almoço que alinhavava a época, onde estiveram presentes directores, treinador e alguns jogadores mais velhos da equipa. Após o almoço realizou-se uma reunião para a qual os directores fizeram questão que eu também estivesse presente e qual não é o meu espanto (apenas porque não sabia de nada) quando a principal questão era decidir o eventual regresso do Paulo ao clube, uma vez que se tinha colocado a possibilidade dele permanecer. Houve várias opiniões, divergentes é certo, e quando me foi pedida a opinião fi-lo sem qualquer tipo de reserva, dizendo que a permanência do Paulo era importantíssima para a equipa, já que era um elemento fundamental e que a meu ver nem deveriam pensar duas vezes. Toda a direcção presente, bem como o mister Jorge e o Vítor Vieira podem confirmar estes factos. Foi então decidido que o Paulo permaneceria mas que não seria o capitão de equipa por vários motivos respeitantes à direcção. Logo ali levantei a questão e deixei bem claro que isso poderia trazer mal-estar e que não me queria ver envolvido em problemas, principalmente com o Paulo, com quem já jogava há alguns anos e a quem já conhecia há mais ainda. Foi sempre assumida pela direcção esta decisão, assumindo ainda que iriam falar com o Paulo, comunicando-lhe a mesma. Veio o jogo com o Benfica, veio a pré-época com o torneio na Ribeira de Frades e o Paulo foi o capitão em todos os jogos. Nunca me manifestei em relação a isso, nem tinha que o fazer pois estiveram sempre presentes elementos da direcção nos jogos. Aliás posso dizer até que fiquei com a ideia que o Paulo iria continuar a ser o capitão, uma vez que a direcção nunca falou com ele sobre a decisão que tinham tomado e sendo assim ele continuaria a ser o capitão de equipa, o que não seria nada de estranho. Confesso sinceramente que foi a ideia que me ocorreu ao passo que a competição se aproximava.
Na semana que antecedeu o início do campeonato, a direcção resolveu chamar-nos à parte e comunicou ao Paulo que por várias razões haviam decidido não ser ele o capitão esta época mas sim eu. Expliquei logo ali ao Paulo tudo o que se tinha passado e que já referi anteriormente, que aquela era uma decisão da direcção, cujos motivos eles próprios saberiam, e que eu não tinha nada a ver com esta decisão. Compreendo o sentimento do Paulo relativamente a uma situação destas, e por esse facto é que chamei à atenção da direcção por diversas vezes se eventualmente essa decisão seria a melhor. No entanto essa decisão foi sempre irreversível por parte da direcção. Fui ainda o primeiro a mostrar o desagrado aos mesmos sobre o timing escolhido para transmitir a decisão tomada, tendo sido reconhecida essa falha pelos próprios. Voltei a falar com o Paulo sobre o assunto onde penso que esclarecemos as coisas e que o mesmo ficou com a noção que não tive quaisquer responsabilidades em todo este desenvolvimento, ao contrário do que fui acusado.
O INÍCIO DO CAMPEONATO
O campeonato começou da melhor forma com duas vitórias frente a dois candidatos à subida, o CRIA que havia descido do nacional, e o Bruscos que, como se confirmou lutou até à última jornada pelo título. Os jogos seguintes resultaram em duas derrotas fora, podemos dizer que normais, frente a Vilaverdense e Alfarelense, adversários bem difíceis, e duas vitórias e empate caseiros frente a Espariz, Chelo e Vila Verde (este último num jogo espectacular), o que ao fim de 7 jornadas nos colocava junto ao topo da classificação.
No final deste jogo frente ao Vila Verde fui surpreendido (e penso que os outros também) pelo anúncio do Paulo Fontes de que este tinha sido o seu último jogo pela UD Tocha e que iria sair, muito provavelmente para o Granja, caso a direcção não colocasse entraves. Viemos a saber durante a semana que não só sairia o Paulo, como também iria o Simão, ambos para o Granja. Gostaria de deixar aqui uma nota, dizendo que falei pessoalmente com o Paulo a seguir ao jogo no dia em que o mesmo anunciou a saída, questionei-o sobre os motivos que o levaram a tomar essa decisão, tendo o mesmo referido alguns, que obviamente não vou divulgar. Desejei-lhe as maiores felicidades e o maior sucesso e só não fiz o mesmo com o Simão porque só soube que também iria embora após alguns dias, não tendo já oportunidade de estar com ele.
O que é certo é que de um momento para o outro vimo-nos sem duas peças fundamentais da equipa, que faziam efectivamente a diferença e a partir dali as coisas tornavam-se mais complicadas. Houve mesmo quem antevisse imediatamente a nossa condenação à descida. Paralelamente outros jogadores deixaram também de dar o contributo à equipa, alguns por lesões, outros por indisponibilidade profissional. Vimos reduzido drasticamente o número de jogadores e tornou-se complicado fazer o trabalho semanal adequado para um bom desempenho ao fim de semana. No entanto fomos conseguindo colmatar a falta de soluções com um grande espírito de entrega e sacrifício dos que ficaram e continuaram a treinar, conseguindo até ao final do ano duas importantes vitórias fora de casa (Miro e Prodeco), claudicando nos jogos em casa frente ao U. Alhadense e Conchada. Recordo que chegámos a disputar (e a ganhar) o célebre jogo para a Taça, frente ao Atlético das Neves, apenas com 5 jogadores e se analisarmos os restantes jogos não tivemos muitos mais também.
Chegava a altura em que eventualmente poderíamos tentar reforçar a equipa mas também aqui a situação não foi bem gerida. Tivemos oportunidade de conseguir o contributo de 1/2 jogadores, mas… as inscrições fecharam e esses jogadores não vieram. Digo isto sem qualquer tipo de desprestígio para com o companheiro que foi inscrito nessa altura (Ricardo Pica), que acabou por dar um contributo enorme à equipa e foi sempre de uma grande disponibilidade, somente penso que poderia ter vindo mais alguém e nesta altura todos éramos poucos para ajudar. Mas não veio mais ninguém e era assim que teríamos que lutar até ao final do campeonato.
A segunda volta iniciou-se com nova vitória sobre o CRIA e um excelente empate no terreno do Bruscos. Para a Taça não conseguimos repetir as vitórias do campeonato diante do CRIA, sendo eliminados essencialmente devido ao primeiro jogo na Figueira em que estivemos mal. Após este primeiro jogo da Taça (19 de Janeiro) tivemos uma paragem prolongada do campeonato, e para nós ainda maior, em virtude do adiamento do jogo com o Vilaverdense e só voltámos à competição a 16 de Fevereiro. Aqui acabou por se iniciar o nosso declínio ao nível físico, já que deveríamos ter aproveitado esta fase para trabalhar bem fisicamente de modo a entrar mais fortes na recta final, mas tal não aconteceu. E se anteriormente deixei aqui algumas críticas a outros agentes que não os jogadores, aqui elas vão inteiras para os jogadores, e como diz o ditado, a carapuça serve a quem a quiser enfiar. A meu ver, da parte de alguns, não houve sacrifício nem disponibilidade e foi um mês em que não trabalhámos praticamente nada. Houve sim, disso não tenho dúvidas, alguma falta de responsabilidade por compromissos assumidos e volto a frisar que a carapuça serve a quem a enfiar. Até ao final treinámos em média com 3/4 jogadores nos treinos, reduzimos o número de treinos e foi com este cenário que encarámos a fase final decisiva. Conseguimos uma vitória importantíssima (para mim decisiva) no reduto do Chelo, que nos assegurou praticamente a manutenção, confirmada depois com a vitória sobre o Miro. Com um cenário deste podemos dizer que o resultado final acaba por não ser muito mau, quando comparado com equipas que tiveram sempre muitos jogadores disponíveis, treinaram sempre e mesmo assim andaram com a corda na garganta até ao final.
Não era com certeza a época que pretendíamos, foi a possível no meio de tantos acontecimentos. Uma coisa é certa, saio de consciência tranquila e agradeço a todos os que trabalharam muito, principalmente aos que aguentaram o barco até ao fim.